A Organização de Trabalhadores de Moçambique-Central Sindical (OTM-CS) afirma que a pandemia da Covid-19 foi usada como justificativa pelos empregadores para que não haja um reajuste salarial no país.
A agremiado da classe trabalhadora começa afirmando que, infelizmente o ano 2020 não vai deixar saudades para o país. De acordo com a OTM-CS, o ano 2020 foi centro de convergência de eventos sociais e epidemiológicos nefastos que fustigam trabalhadores e suas famílias, deixando-os nunca situação de incerteza sobre o seu futuro.
A organização aponta as guerras cíclicas que o país vive e a pandemia do COVID-19, com os seus impactos negativos, que permitiram concluir que a maioria dos trabalhadores moçambicanos e suas famílias não vai poder passar o natal e fim do ano realizando o convívio que seria de esperar, uma vez que está desprovida de recursos financeiros e materiais necessários para alem de que, é preciso observar medidas rigorosas contra a infecção do COVID-19.
“Como vossos representantes, temos consciência da situação que enfrentam nesta quadra festiva e das grandes dificuldades económicas e financeiras que têm vindo a enfrentar ao longo do tempo, agravadas com a pandemia do COVID-19 que eclodiu no país em Março deste ano”, disse Alexandre Munguambe, Secretário-geral da OTM-CS.

Munguambe aponta ainda como obstáculos, o terrorismo no norte do país e os ataques da Junta militar da Renamo na zona centro, estão a minar a paz efectiva, a ceifar vidas humanas, a impedir a livre circulação de pessoas e bens e a destruir infraestruturas económicas e sociais.
O Secretário-geral revelou que a pandemia do coronavírus desarticulou planos nacionais, adiou projectos sociais e económicos importantes, e criou um impacto bastante sombrio no mercado de trabalho. Segundo o mesmo, milhares de postos de trabalho foram e estão sendo seriamente afectados, com situações de trabalhadores que viram os seus contratos de trabalho suspensos e outros que perdem definitivamente os seus postos de trabalho.
Importa realçar que OTM-CS, como tem sido seu apanágio, empreendeu neste ano apelos aos empregadores no sentido de criação de harmonia nas relações laborais. Infelizmente esses apelos não encontram alinhamento desejado no seio destes dos parceiros sociais e com a agravante da acção do COVID-19, quase tudo o que seria um ganho para o trabalhador neste ano foi posto de lado, de acordo com o Secretário-geral.
“A pandemia do COVID-19 serviu de desculpas para não se reajustar os salários mínimos dos trabalhadores Moçambicanos, o que nos entristece e nos preocupa como Movimento Sindical. Tudo o que estava ao nosso alcance foi feito para levar os empregadores de volta para às negociações que tinham sido suspensas em cumprimento dos sucessivos estados de emergência, mas não houve compreensão nem colaboração que expectávamos e acabamos concluindo que este ano, as condições não estão criadas e o reajustamento dos salários ficou sem efeito”, avançou Alexandre Munguambe.
Segundo a OTM-CS, fica registado na história que por razoes alheias à vontade do Movimento Sindical, as condições laborais dos trabalhadores não foram melhoradas no ano 2020, devido à pandemia do COVID-19, embora, mesmo sabendo-se que apenas certos sectores é que foram seriamente afectados.
A organização avança ainda que, devido a pandemia, houve e há sectores em funcionamento que constituem a maioria, e que são inclusivamente obrigados a duplicar a sua produção para resolver a demanda de procura de bens ou serviços. Apesar deste esforço não foram recompensados pelo patronato.
“A generalização e o pessimismo adoptado pelos empregadores na avaliação do impacto económico desta pandemia prejudicou os trabalhadores que todos os dias e com a doença já na fase de pico, acordam e vão para os seus locais de trabalho para darem o seu máximo pelas empresas e por este país. Vai ser muito difícil prevenir o COVID-19 com os actuais rendimentos da maioria dos trabalhadores Moçambicanos”, diz Munguambe.
A OTM-CS afirma ainda que, o Governo e os Empregadores sabem que a maioria dos trabalhadores moçambicanos, sobretudo professores, pessoal da saúde, funcionários de outras instituições do Estado, operários das médias e pequenas empresas, recebem salários mínimos que não estão à altura de desafiar o actual custo de vida.
“Dissemos e continuamos a dizer que pagar salários justos aos trabalhadores deve ser entendido como um investimento de que se deve esperar retorno, através do aumento do poder de compra e de consumo dos assalariados”, defendo o Secretário-geral da OTM-CS.
No ano que ora termina, a OTM-CS afirma que continua a registar empresas sem cultura de diálogo social e negociação colectiva e onde de forma recorrente as contradições degeneraram-se em conflitos laborais. A organização diz ainda que, o mercado de trabalho ofereceu poucas oportunidades de emprego aos cidadãos em idade activa e o desemprego continuou alto e acima de 20%. Esta situação preocupa o Sindicato, uma vez que alimenta de forma directa a criminalidade sobretudo no seio dos jovens que não trabalham, não estudam e nem estão na formação.
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