O Docente Universitário do Instituto Superior de Artes e Cultura-ISARC, Resendo José Mate acredita que o recente incremento orçamental anunciado pelo governo moçambicano no sector da cultura poderá dar uma nova dinâmica no país.
O Docente Universitário reagiu hoje, 10 de Fevereiro, a decisão tornada pública esta semana, 09 de Fevereiro,) pelo Presidente da Republica, Filipe Nyusi na Cimeira da União Africana de dedicar 1% do Orçamento de Estado para apoiar as iniciativas culturais e criativas até 2030.
Rosendo Mate afirma que esta boa nova para o sector cultural é bem-vindo. Apesar de concordar com a decisão, Mate tem suas reservas acerca do estágio actual de financiamento a este sector, e questiona as áreas de maior necessidade para o financiamento.
“Acho que com incremento orçamental no sector da cultura pode dar uma nova dinâmica na área de gestão do património cultural em termos de Inventariação, conservação, preservação e fruição pública, na medida em que pode-se recrutar e capacitar novos recursos humanos (gestores culturais), apetrechar os centros de interpretação, criar pólos culturais de desenvolvimento e desenvolver rotas turísticas”, disse a fonte.
O Docente do ISARC vai mais longe no seu comentário afirmando que apesar de esta decisão ser positiva para os fazedores da cultura e do público em geral, o grande problema está relacionado com a implementação dessas medidas.
“Toda a decisão tendente ao melhoramento da vida dos cidadãos, no geral, e para os fazedores das artes e cultura, em particular é sempre Bem-vinda e positiva. Porém há muitas lacunas na informação prestada, precisamos de dados muito concretos. Qual é o estágio actual do financiamento cultural? Quais as áreas mais intervencionadas e quais as áreas com maior necessidade dos fundos estatais? Contudo, é fácil tomar decisões, entretanto a sua implantação em Moçambique tem sido um grande problema”, reagiu Mate.
Questionado sobre a maior dificuldade registada, neste momento, no seu sector de pesquisa ou trabalho cultural, Rosendo Mate apontou a escassez de fundos em instituições estatais como a grande “calcanhar de Aquiles”. “A maior dificuldade no sector de pesquisa são os fundos e orçamentos exíguos particularmente em instituições estatais. A falta de recurso financeiro compromete a maior parte dos trabalhos de pesquisa, e todos os estudos estão em torno das cidades em detrimento das zonas rurais”, afirma o Docente.
Rosendo Mate defende como soluções dos problemas enfrentados, o apetrechamento ao Fundo de Desenvolvimento Artístico Cultural-FUNDAC, ao Instituto de Investigação Sócio Cultural – ARPAC, e as escolas de Artes, ENAV, ECA e o ISARC. Segundo este, com o grande investimento a estas instituições pondera-se construir um projecto de governação cultural mais robusto a nível nacional.
Quando questionado sobre as possíveis áreas prioritárias na intervenção do Estado para a materialização do orçamento para a cultura, Rosendo optou pela inclusão de todas manifestações artísticas. O Mesmo defende ainda a importância de formação de quatros no sector e construção de espaços culturais alternativos.
“Eu acho que todas as áreas das Artes e Cultura são importantes, mas a salvaguarda das expressões artísticas em desuso seria de louvar. As manifestações artísticas e seus fazedores deviam ser vistos com uma grande preocupação. A formação de quadro nas diferentes posições ajudaria de grande maneira aos técnicos do sector. A construção de espaços culturais alternativos”, disse o Docente com um livro recém-lançado intitulado “Património Cultural como Recurso Educacional em Moçambique: Baixa da Cidade de Maputo, 1975-2015”.
De realçar que, falando no evento virtual que decorria em Adis Abeba-Etiópia, o Chefe de Estado, Filipe Nyusi, assumiu que “a cultura desempenha um papel primordial para a nossa afirmação em termos identitários e é uma das manifestações da nossa liberdade”.
O Presidente da República disse também que “somos chamados a congregar os nossos esforços com vista a ratificar a Carta de Renascimento Cultural Africano, aprovada em Janeiro de 2006. A sua implementação permitir-nos-á, ao nível dos Estados membros, dotar nossos orçamentos cientes da necessidade de os mesmos serem capazes de alavancar iniciativas nos domínios da Cultura e do Turismo em toda sua cadeia de valor”.
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