Várias comunidades do distrito de Vandúzi, na província central moçambicana de Manica receberam de Outubro do ano findo à esta parte sessenta e nove antigos guerrilheiros da Renamo que aderiram ao processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração-DDR.
Alguns desmobilizados que já desenvolvem diversos projectos de geração de rendimentos afirmam que a adesão ao DDR foi a decisão mais acertada depois de terem passado por muitas dificuldades, quando faziam guerrilha.
Falando numa reunião orientada pelo administrador do distrito de Vandúzi, que visava auscultar as suas preocupações nas comunidades onde estão inseridos, os ex guerrilheiros agradeceram a recepção que tiveram.
Entretanto, alguns que mudaram de lugar de residência pediram ao governo a atribuição de talhões para a construção de habitações e continuar a desenvolver seus projectos.
Outros ainda pedem a integração dos seus filhos nas escolas com vista a prosseguirem com os estudos. Marcos Zacarias Manyenge é um dos beneficiários do DDR, nos finais do ano passado.
O ex guerrilheiro não escondeu a sua satisfação por estar integrado, porém clama por um espaço nas cercanias da vila sede do distrito para prosseguir com os seus projectos vitais.
“Nós viemos para viver com as nossas famílias, vamos retornar as nossas actividades passadas; de facto outros não têm talhão, eu vivia em Mariondo, dantes agora já estou para viver aqui, agora onde viver do momento não tenho, como o senhor administrador já falou de que vai organizar a forma como vamos viver aqui, eu gostaria que fosse cedo, visto que actualmente encontro me hospedado em casa de uma família”, augurou.
Zequias Thetshwua Macorreia é outro cidadão que outrora aterrorizava a população a partir das matas. Falando em língua local (shona), igualmente deixou alguns recados para o governo.
“Estou muito satisfeito por ter sido bem recebido. Uma das minhas preocupações é a falta de talhão para a construção de uma residência. Também peço ao governo para que nos ajude a enquadrar nossos filhos nas escolas para prosseguirem com os estudos”, disse.
No contexto, o administrador de Vandúzi, João Pedro Amade disse ter registado as preocupações e prometeu canaliza-las ao ponto focal para solucioná-las o mais breve possível.
O governante apelou aos desmobilizados que tenham crianças em idade escolar que não estavam a estudar para aproximaar aos Serviços Distritais de Educação Juventude e Tecnologia para regularizar a situação dos seus educandos.
“Crianças têm que estudar, só assim é que podemos desenvolver”, explicou João Pedro Amade, tendo anotado que “governo é o pai, colhe a todos seus filhos. Foi muito bem dito aqui com um de vocês, com aquele pai, disse que governo é nosso pai, e é verdade, os filhos podem ir para África do Sul, Zimbábuè e quando voltam não deixam de ser filho, então todos são nossos filhos e o desejo de um pai é querer ver seus filhos a viverem bem. Por isso vivam a vontade, estejam a vontade, mas o que nós queremos pedir é que estejamos unidos, que a comunicação deve fluir, que vocês devem produzir. Hoje estão a vir de mãos abanadas, mas daqui a um ano vocês devem ter vossas machambas a colher produtos, até um ano é longe, estamos agora na segunda época, é preciso começar a produzir, porque uma das maneiras de combater a pobreza é aumentarmos produção, é isso que o nosso presidente tem estado a dizer sempre”, enfatizou.
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