O Centro de Integridade Pública (CIP) afirma que varios podem ser os impactos desta suspensão mesmo depois que o Banco de Moçambique (BM) ter indicado que por forma a não prejudicar os clientes do Standard Bank, as actividades que envolvem operações cambiais serão realizadas por outros bancos.
Entretanto, de acordo com o CIP sendo que o Standard Bank detém maior quota de depósitos em moeda estrangeira, é um actor determinante no mercado cambial. Portanto, mesmo que as transacções sejam passadas para os outros bancos, esta situação pode criar atrasos nos processos de pagamentos, prejudicando, assim, os seus clientes (particulares, empresas ou o Estado) e todo o ciclo que envolve estas operações, avança a organização.
Avança o Centro de Integridade que a suspensão do SB do mercado cambial torna menos credível, não só o banco mas também todo o sistema financeiro nacional o que pode causar um provável aumento da preferência pela liquidez. “O aumento da preferência pela liquidez das famílias e empresas poderá levar a um provável descrédito em relação aos bancos, causando uma corrida aos bancos,18 ou corrida aos depósitos, e quanto mais pessoas levantam os seus valores mais insolvente poderá ficar o banco correndo o risco de falir”, alerta.
A organização defende que, quando a maior parte dos bancos são alvos de corrida aos depósitos, simultaneamente pode haver uma crise financeira fazendo com que o sistema financeiro deixe de funcionar podendo criar uma recessão económica, baixos níveis de produção, aumento de desemprego, baixos níveis de investimento e redução dos gastos do governo.
As medidas tomadas pelo BM têm como objectivo manter o sistema financeiro funcional. Entretanto, a aplicabilidade destas medidas deve ser célere e cautelosa por parte do BM e de todos os bancos e instituições que intervêm no mercado financeiro.
A inspeção on-site que está a ser levada a cabo pelo BM poderá trazer consigo novas medidas e novos procedimentos para os bancos comerciais, assim como a emissão de novas medidas de supervisão dos bancos, para que situações similares não ocorram.
O SB é um banco que pela posição, dimensão e prestígio nacional e internacional terá a sua reputação abalada uma vez que os clientes poderão deixar de confiar, pelo menos a curto prazo, estando dependente das medidas subsequentes e da flexibilidade do BM e do SB para o levantamento das restrições.
A Associação Moçambicana dos Bancos (AMB) representada pelo Secretário-Geral, Elísio Langa, disse à comunicação social que irá persuadir aos intervenientes para que a situação se resolva brevemente, reduzindo os transtornos e salvaguardando a boa imagem do sistema financeiro nacional. Espera-se que esta instituição seja mais proactiva de modo a evitar situações semelhantes no futuro.
Os clientes do SB que pretendam efectuar transacções em moeda estrangeira deverão comunicar o SB e este em coordenação com o BM deverá encaminhar o processo aos outros bancos. Entretanto, este processo poderá levar o seu tempo tendo em conta que os clientes poderão não possuir contas nesses outros bancos, sem descorar as consequências financeiras que esta medida poderá trazer.
“Os clientes poderão ter as suas contas atrasadas acarretando prejuízos financeiros, para além dos custos financeiros burocráticos aos quais os clientes serão submetidos. Não tendo disponibilidade imediata para o movimento das suas contas em moeda estrangeira, ou o respectivo contravalor (conta em dólar e recebimento em meticais), os clientes poderão perder a confiança não só em relação ao SB, mas também a todo o sistema financeiro nacional, considerando a importância sistémica do mesmo”, diz o CIP.
O CIP afirma que as operações de importação e exportação dos bens e serviços constituem um dos pilares do mercado cambial. De Janeiro a Outubro de 2020, o país desembolsou cerca de USD 2.815 milhões nas exportações de bens e serviços e USD 5.408 milhões em importações20.
Estes níveis de importações mostram a importância do sistema financeiro e das transacções cambiais que são efectuadas pelas diversas empresas importadoras e exportadoras. Grande parte das transacções no mercado cambial são referentes à actividades de banco/cliente para o pagamento de facturas de e para o exterior.
“Sendo assim, e tendo em conta a situação de dependência em que Moçambique se encontra, no que se refere a importações, poderemos estar perante uma situação de atrasos nos pagamentos das facturas de importação e exportação e nos contratos de fornecimento de bens e serviços. Esta situação, associada às dificuldades que o país enfrenta, criadas pela pandemia da COVID-19 e pelo reduzido nível produção das empresas, poderá reduzir o nível de importações e de produção criando, deste modo, pressões sobre o nível geral de preços”, alerta.
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