A iniciativa surge no âmbito do projecto denominado Kukwiza, que visa aumentar a segurança alimentar e nutricional das pessoas vulneráveis no distrito de Nhamatanda, província de Sofala, através do aumento da produção e produtividade entre os pequenos agricultores vulneráveis e maior engajamento em acções de conservação e protecção dos recursos naturais.
Pretende-se com o projecto, reflorestar e proteger 300 hectares de floresta nativa em Nhamatanda com o engajamento dos Comitês de Gestão de Recursos Naturais, comunidades e utoridades locais em todo processo de restauração florestal. As espécies a serem usadas no reflorestamento e enriquecimento de algumas florestas nativas em Nhamatanda, durante os três anos do projecto são, Chanfuta, Umbaua, Umbila, Chanate e Panga-Panga, numa área de trezentos (300) hectares. Neste momento estão em reflorestamento 6500 mudas numa área de 10 hectares nas comunidades de Haluma, Macumba na localidade de Lamego e comunidade de Chissanda localidade de Chirassicua.
“No âmbito de restauração florestal, a Livaningo estabeleceu dois viveiros florestais em duas localidades (Chirassicua e Lamego) com 3250 plântulas semeadas de três espécies nativas, Panga-Panga (millettia stuhlmanni), Chanfuta (afzelia quanzensis), e Umbaua (khaya nyasica) em cada viveiro, totalizando 6500 plântulas nos dois viveiros”, disse Osório Belchior, técnico da Livaningo que também explicou que ainda na senda do mesmo projecto, a Livaningo está a dar assistência técnica no processo de reflorestamento ao Comité de Gestão de Recursos Naturais de Bebedo ( zona tampão) em parceria com o Parque Nacional da Gorongosa. O comité recebeu como apoio do projecto Kukwiza sementes de Umbaua, tendo semeado 2000 plântulas que, juntando a 3000 plântulas de espécie de Chanfuta oferecidas pelo PNG soma 5000 plântulas que vão reflorestar cerca de cinco hectares.
Belchior mostrou-se confiante no sucesso do projecto, uma vez que, “as comunidades abraçam a iniciativa com muita satisfação e por um lado, estão mais conscientes das vantagens da acção de restauração e conservação florestal, visto que actualmente percorrem longas distâncias em busca de lenha, porque já não existem florestas, por outro, também sentem que as suas áreas estão abertas e propensas a danos causados pelos desastres naturais e o calendário das chuvas para época agricultura está a alterar cada vez por causa das mudanças climáticas”, anotou.
Nesta fase piloto do projecto de reflorestamento, estão engajadas cerca de 800 pessoas que estão directamente ligadas no processo e na conservação. “Mas é um número que vai alterando com o andar do tempo”, alertou, sem descurar de apontar o principal desafio da iniciativa, ”o grande desafio do projecto que temos levado a cabo é que muitas áreas que necessitam restaurar estão ocupadas com as actividades de produção agrícola”.
O representante do administrador de Nhamantanda, Fernando Chimbuia, considerou que a iniciativa é benéfica para a população, uma vez que, para além de no futuro servir para a obtenção de renda através do corte de madeira, o mesmo se juntará a vários projectos em manga na província e não só, visando fazer face às mudanças climáticas.
“Este programa de reflorestamento é bem-vindo porque beneficia as comunidades. Cortamos tantas árvores e ninguém plantou e daqui onde estou consigo ver outra margem porque está tudo aberto. Abatemos as árvores para produção de carvão, construção de residências e abertura de machambas, mas não podemos ficar assim”, disse para depois sublinhar que há necessidade de restauração. “Os efeitos das mudanças climáticas são severos, como se nota por exemplo, nesta campanha agrícola a chuva começou cair em Dezembro e semeamos em Janeiro, por isso, como comunidade devemos aproveitar no máximo a ajuda de parceiros Adra Moçambique e Livaningo, cuidando das árvores e conservando a natureza”.
A iniciativa de reflorestamento resulta de um estudo de avaliação do impacto da degradação florestal conduzida pelo Instituto de Investigação Agrária de Mocambique – Centro Zonal Centro (IIAM- CZC), em parceria com a Livaningo e a ADRA Moçambiqueno quadro da implementação do projecto Kukwiza.
Segundo dados do Inventário Florestal Nacional da Direcção Nacional de Terras e Florestas, Moçambique tem cerca de 40.1 milhões de hectares cobertos por florestas, dos quais, 27 milhões hectares de floresta nativa produtiva (potencial para produtos madeiros de alto valor, fauna e biodiversidade); áreas de conservação com 13,2 milhões de hectares; 14,7 milhões de outras formações vegetais e cerca de 7 milhões de hectares com potencial para plantações florestais para uso industrial para gerar anualmente cerca de 10 bilhões em receitas e criar cerca de 300 mil empregos.
Comenta com teu facebook