É questionável essa nossa ideia nacional sobre segurança pública. Depois de tantos anos de independência, de uns tempos pra é difícel entender concretamente o modelo de Defesa e Segurança Pública. Antes era possível entender porque estávamos todos envolvidos e alinhados nesta ideia. Estava claro o que se defendia, com quem se deveria contar e quais as acções ou manifestação por se combater para garantir a segurança de todos. Isto foi na primeira República, onde tínhamos três elementos de desenvolvimento que nos guiavam como nação, que são “Trabalho, Unidade e Vigilância”. Este último ponto, a “vigilância” é que materializava toda esta abordagem de defesa e segurança pública.Já em 1990 com o Multipartidarismo, perdemos o foco, ficamos sem perceber o paradigma dominante. Nós últimos anos houve um aumento significativo de número de agentes de defesa e segurança pública. Um aumento que não trouxe melhorias, ainda é ilusória a nossa ideia de segurança pública. Ora vejamos, a estratégia de policiamento é bem precária. Não temos polícia em locais onde deveria estar, em locais onde há assaltos, violações sexuais entre outros crimes, como frequência. Por outro lado, nos bairros vemos tantos agentes circulando em estabelecimentos comerciais estrangeiros. Essa vai e vem interminável não é para garantir segurança, mas é para promover actos de corrupção.
A nossa segurança pública é um acto de produção de riqueza, é um negócio em prejuízo de muitos. É a polícia de trânsito que cobra o famoso “refresco” para não penalizar condutores infractores que podem minutos causar acidentes graves. É o SERNIC que além de investigar tem um monte de agentes envolvidos no mundo do crime. A polícia de protecção também tem suas agendas obscuras. Que deveria garantir a segurança, é quem criar clima de insegurança. São esses os nossos actores em frente desta nossa ideia de segurança pública que temos. E fala-se sempre de “purificação das fileiras”, mas há um desfasamento entre esse discurso e a realidade vivida no país.
Mas também o que se pode esperar de uma segurança pública onde os agentes conseguiram aceder aos centros de formação através dos famosos “Weys”. Devem corromper para serem formados, e ao sair continuam corruptos. Não sabem o quem ou que combater na verdade. São usados como uma força de opressão ao povo, barram manifestações, batem em civis e fazem detenções arbitrárias. São pessoas que têm a tarefa única de garantir a ordem, tranquilidade e segurança pública mas tem tendências de contrárias a ordem constitucional democrática. Bastam receberem as tais famosas “ordens superiores” já agem fora das suas atribuições.
Por vezes disparam em civis, e inventam a desculpa de que foi manuseio errado da arma. Por vezes falam que houve resistência, por exemplo, por esse motivo deram dois tiros no peito de um jovem de 21 anos de idade na Matola em 2020 de nome James Aníbal. Foram necessários dois tiros para imobilizar o jovem só porque não tinha Bilhete de identidade quando abordado pelos dois agentes que não foram responsabilizados pela morte do jovem. Muita das vezes tem sido assim, são os tais danos colaterais desta ideia de segurança pública.
Ainda mais só para entender a gravidade do problema, na capital nos últimos anos surgiram várias novas empresas de segurança privada. Muitas delas pertencem a gente ligada ao sector da defesa e segurança pública. É como se tivessem a negligenciar ou sabotar a ideia de segurança pública para que possam fazer negócio. Criam um problema, a insegurança, para poder nos vender a solução. Então se tu quiseres ter proteção ou segurança total, deveras pagar para tal nas suas empresas privadas de segurança. E ao mesmo tempo, terás que contribuindo através do seu imposto na falhada e ilusória ideia de segurança pública estatal.
NTaimo
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