Um grupo de funcionários da Universidade Eduardo Mondlane (UEM), docentes e Corpo Técnico Administrativo da (CTA) da Faculdade de Filosofia da Universidade Eduardo Mondlane denunciam desmandos na Instituição, escrevendo ao novo Reitor e ao Gabinete Central de Combate a Corrupção. Através de uma carta, os funcionários da instituição de ensino publico queixaram-se da gestão danosa e abusiva da Faculdade por parte do seu actual Director, o Prof. Doutor José Blaunde Patimale, que segundo os denunciantes, transformou a instituição em sua propriedade privada, fazendo e desfazendo e sugando as receitas próprias locais, já pacatas, para alimentar caprichos seus.
“O cúmulo da ruinosa gestão da nossa unidade orgânica foi a recente aquisição, com o dinheiro da Faculdade, da viatura Mazda BT-50 para o Director da Faculdade, contra toda a legalidade e contra o parecer da Administração local. Ora, a Faculdade de Filosofia já tem um carro para expediente, pelo que esta outra viatura é desnecessária” lê-se na carta.
Defendem os mesmos que o director já usufruiu do subsídio de início de funções, pelo que nenhum direito lhe cabia de usar os cofres da instituição para patrocinar a sua mobilidade.
Nesta operação de aquisição da viatura, foram pagos 584 000,00 (quinhentos e oitenta e quatro mil meticais), correspondentes a 20% do total do leasing. Assim como fora pagos quase 117 000,00 (cento e dezassete mil meticais) para tratamento de seguros e ainda serão pagos 70 000,00 (setenta mil meticais) mensalmente, durante os próximos 60 meses (5 anos).
No total, a viatura custará aos cofres da Faculdade quase 5 000.000,00 (cinco milhões de meticais), montante esse muitas vezes acima do orçamento médio anual de funcionamento da unidade. O mais assombroso nisso é que a compra desse desnecessário móvel não mereceu discussão nem no Conselho de Faculdade, nem no de Direcção.
“Foi tudo feito em ambiente de total e criminoso silêncio, sendo o Director, em pessoa, a entidade que conduziu todo o processo. Magnífico Reitor, como uma despesa dessas passa à margem do debate institucional? Afinal, onde moram a transparência e a colegialidade?”,-Escreveram os denunciantes.
Dizem ainda que com a similar imposição, ainda no caos financeiro em que a Faculdade se encontra, o Director já há muito vem usando as receitas da unidade para pagar portagem da sua viatura. Outrossim, ele usa em seu indevido benefício as senhas de combustíveis destinadas ao carro de expediente da Faculdade.
“A lei é bastante clara sobre o direito de combustível por parte do pessoal, em diferentes níveis. Por que tanto abuso de poder?”, Destacaram.
De acordo com o mesmo, o mais grave é que a Faculdade encontra-se mergulhada numa crise financeira sem precedente, de tal modo que os incentivos pagos pela Faculdade aos seus funcionários (docentes e CTA) estão abaixo do que se encontra aprovado pela UEM.
Revelam que o CTA, por exemplo, aufere apenas 40% da remuneração do nível C, o mínimo aceitável de remuneração com receitas próprias na UEM. Consta ainda que, a Faculdade deve seis (6) meses de incentivos ao CTA. Para os dois casos, alega-se falta de dinheiro para cobrir as despesas.
Ainda mais, avançam que quase todos os computadores, dos mais diversos sectores da Faculdade, estão praticamente obsoletos, comprometendo o trabalho e cansando a saúde das pessoas. A Faculdade não mais disponibiliza água potável para seus funcionários. O que também alega-se falta de dinheiro.
“Uma pergunta não se quer calar: como um BT-50 pode ser prioridade de um Director, em meio a toda a sorte de desgraças que caracterizam a Faculdade, incluindo dívidas de remuneração do pessoal?”. Questionam os denunciantes.
Os denunciantes estão preocupados sobremaneira com o modo de como o Director se apropria da pós-graduação. Revelam que o mesmo participa no júri de todas as defesas de Mestrado, curso no qual chega a leccionar 5 módulos em 13 possíveis, sob o olhar cúmplice e desinteressado do Director do Curso de Pós-graduação.
“É possível falarmos de qualidade de ensino numa situação dessas? Seremos mesmo, assim, Universidade de Investigação? A sensação que temos é de, tanto com a graduação pós-laboral, assim como com a pós-graduação, estarmos a trabalhar para o bolso e ambição de uma só pessoa, no caso, do nosso Director”, avançam.
Os denunciantes terminam a carta afirmando que a Faculdade de Filosofia não merece uma gestão tão arrogante, nem a Universidade Eduardo Mondlane ser confundida com uma selva, onde os mais fortes torturam a bel-prazer os mais fracos.
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